Nascer do Sol em Mim

Na noite passada enquanto olhávamos as estrelas ela chegou mais perto do que das últimas vezes. Encostou a cabeça em meu ombro e esfregou como quem pedia calada “Hey, quero carinho” Por alguns segundos passou em minha cabeça “Uau, como sou uma garota de sorte!” Mas quando o vento soprou forte, sua aproximação me levou a pensar em um novo sentido. “Talvez seja apenas o frio…” Seja qual fosse o sentido, o que eu sentia não alterava: Uma sequência cardíaca acelerada. “O tempo passa tão apressado ao teu lado…” Disse incrédula ao olhar fixamente o mar. Seus olhos brilhavam e diga-se de passagem… Mais que a lua, mais que as estrelas… Admiradores do céu acharão exagero, eu sei… Mas quem não exagera numa noite em frente ao (a)mar? Ajeitei a canga para que pudéssemos deitar: “Fica mais um pouco” Insisti ao esticar as costas na areia macia. Com o indicador a chamei para deitar comigo e eu havia decidido: Se ela de fato não me quiser, eu descobriria naquela noite, pois essa história de oito e oitenta me transformou há muito tempo em uma detenta -interna de mim- Ela me fitou fundo. Garanto que mergulhou mais em mim do que no mar. Levantou a sobrancelha direita e serena disse “Está muito tarde…” Pronto, ela de fato não me queria e a única coisa que eu consegui fazer foi fechar os olhos e escutar as ondas quebrando nos ventos. As ondas indo. As ondas voltando. E respirar fundo. A garota poderia ir embora sem se despedir, seria melhor. E eu de olhos fechados tentando falar alguma coisa, um “tchau” que fosse… Engoli seco. Senti um corpo quente sobre o meu… E as ondas não foram capazes de ecoar em meus ouvidos quando a menina prosseguiu com os lábios colados em meu ouvido “Está tarde demais, eu prometi que voltaria cedo… Quer ver o dia amanhecer comigo?!” O meu coração explodiu em pétalas, abri os olhos e a garota me olhava ainda com a face serena, insistiu “Por gentileza, veja o nascer do sol comigo?!” … O Nascer dos meus dias começou noite passada. O nascer da minha alma aquecida começou naquela noite fria… Quanta ironia! Abracei-a forte e dessa vez quem pedia algo com gestos era eu… Como quem diz “Eu quero entrar no seu coração agora!” Ela abriu um sorriso e convidou o meu para dançar com o dela. Respirações quentes. Papéis invertidos. Ela ofegante. Eu serena. Rendeu-se. Beijou-me…. Beijou-me… Beijou-me… Até o sol dar o seu espetáculo… E enquanto nos despedíamos, o Renato Russo lá de cima deveria estar entoando “E eu dizia ainda é cedo, cedo.. cedo… ”  

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *